Na penumbra silenciosa
deste cômodo vazio,
por onde serpenteia uma solidão
a carregar em suas espáduas,
todos os amores não correspondidos,
como se fossem epístolas, guardadas
no cofre selado de meu coração,
remexo em memórias,
desnudas por esta saudade pranteada,
como se fosse uma incômoda paixão,
esfacelada pelo tempo,
a cingir com seus lamentos,
o tempo escoriado desta solidão.
Este saudoso amor,
que não mais vagueia pelos avarandados
de minha memória e nem navega
pelos meandros de meus desejos,
um corpo encantado e despido
pelo vazio das esquinas do tempo
em eterno voo pelas veredas desta vida,
contidas em cada alvorecer.
J R Messias